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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

It's hard to say it, time to say it

Nós crescemos juntas. Foram anos e anos lado a lado dividindo medos, dores, sorrisos, alegrias e descobertas. Pelo menos era isso que achava. Era isso que eu repetia para mim mesma todos os dias ao acordar e era assim que eu tentava me convencer de que eu tinha as melhores amigas do mundo. Naquela época eu responderia sem pestanejar que elas eram tudo o que eu tinha e que eu não poderia ter escolhido melhores. Eu diria que elas estariam ao meu lado para o que desse e viesse. Eu desafiaria quem ousasse duvidar do carinho que elas sentiam por mim.

Eu estive com elas e para elas com a certeza de que elas estavam comigo e para mim. Eu fui ao inferno por elas. Eu arrumei brigas, confusões e sai em defesa delas tantas e tantas vezes. Eu troquei de sala, de aparência, de gostos. Eu fiz tudo o que eu podia para ser para elas o que elas eram para mim. E eu achava que eu era feliz. Eu realmente acreditava que depois de tudo o que a gente tinha vivido e das memórias todas que tínhamos colecionado, eu realmente achava que elas eram as minhas melhores amigas. Melhores mesmo. Dessas que a gente leva para vida e termina em uma roda no hospital geriátrico rindo loucamente das peripécias da adolescência.  

O problema ficou no verbo. Eu achava tudo isso. Hoje, eu já não acho mais. Sabe aquela história que seus pais e seus irmãos mais velhos contam de que quando o colégio acaba muitas amizades também? Pois, então, eles estão errados. Amizades que começam na escola, na infância, duram uma vida inteira quando são realmente amizades. E aí, quando vocês todas estiverem no hospital geriátrico, vão rir das memórias e olhar as fotografias juntas, de mãos dadas, revivendo momentos fantásticos que só existiram porque vocês estavam, vejam só, juntas.

No meu caso, e no de algumas outras almas perdidas por ai, aconteceu que não era amizade. Pelo menos não do lado de lá. Era, sei lá, alguma coisa no in between do coleguismo e do comodismo. Mas nem vale a pena dissertar sobre ou tentar entender porque tudo já passou. E nem foi uma questão de escolhas erradas. Nada disso. Foi só incompatibilidade de gênios que toda criança aceita ou disfarça, mas que não tem espaço para ser escondida na vida adulta. Foi um desvio de caminho, uma lição que precisava ser aprendida e algumas páginas que precisavam ser escritas antes de chegar a essa aqui. Foi só um detalhe e um amontoado de histórias para que eu ria um dia, num hospital geriátrico qualquer, ao lado de quem realmente vá valer a pena. 

"Every memory of walking out the front door
I found the photo of the friend that I was looking for
It's hard to say it, time to say it
Goodbye, goodbye"
(Photograph - Nickelback)

domingo, 30 de dezembro de 2012

Live while we're young


Quando 2012 despontou no horizonte, eu recebi de presente 366 páginas em branco para escrever o que eu bem entendesse. Eram 366 novas chances para transformar o que havia de ruim, para buscar o que havia de bom. Eram 366 dias para compartilhar com alguns e subtrair de outros. Logo no primeiro minuto deste ano, ganhei uma caneta e a primeira folha para rascunhar tudo o que estava por vir. E eu vi, vivi e escrevi tanta coisa! Um livro. Doze volumes. Doze meses carregados de histórias, lágrimas, sorrisos, vitórias e derrotas. Tiveram mocinhos, princesas, vilões e bruxas. Outras dimensões com novos e velhos personagens. Uma viagem em um túnel com uma luz brilhante no final. Uma viagem que só começou!

Como em toda série, eu adoraria pular algumas partes e dar um fast forward para o que houve de bom. Mas nenhuma vida tem só histórias felizes. Fui arrebatada por uma virose nada bem vinda há algumas semanas do meu aniversário. Só um susto. Uma pequena vírgula naquela página. No mesmo capítulo, no entanto, outra surpresa nada gratificante. Pouco depois do tão esperado 29 de fevereiro, aquele que se dizia melhor amigo virou as costas sem nem se importar. Passou uma borracha em tudo que tínhamos vivido juntos e foi escrever a história dele em outro livro. E sabe o que eu acho? Que daqui há alguns anos vou receber uma cartinha como a que desenterrei essa semana: "sua amizade me fazia mal e eu precisava me afastar". O que eu penso disso? Acreditem nas pessoas erradas, mas não chorem por terem perdido as certas depois. Fica a dica :)

Quando o assunto é mágoa, ainda posso passar para o caderno duas humilhações sofridas no trabalho. A semana mais infernal da minha vida no lugar que todos consideram o paraíso: Ilhabela. Mais do que marcas na pele (das picadas intermináveis de pernilongo), ficaram as marcas na alma. Nunca tinha sido tratada com tamanho desprezo por ser uma "prestadora de serviços". Acho que posso dizer que senti por cinco dias o que lixeiros, empregadas domésticas, pedreiros e tantos outros profissionais sentem todos os dias sem reclamar. Por isso, aproveito para dizer que respeito é necessário e agradável em TODOS os âmbitos e para TODAS as pessoas. Desculpe o clichê, mas ninguém é melhor do que ninguém e, quando morrermos, vamos todos para o mesmo lugar. Como se não bastasse, de volta ao escritório aprendi uma lição valiosa. Todos que estão acima de você em uma empresa vão dar um jeito de te pisotear um dia ou outro. Você pode fazer tudo certinho, chegar sempre no horário e ser nota 10. Não adianta. Você será humilhado na frente de todos os seus colegas de trabalho por um erro que não cometeu. Lembra quando eu disse que minha história neste ano tinha bruxas e vilões? 

Passada muita água embaixo da ponte (olá, clichê dois!), meu ano teve passagens muito mais importantes do que as notas ruins de rodapé. Levaria horas para descrever o capítulo de uma das viagens mais maravilhosas da minha vida. Eu me apaixono facilmente por tudo que eu vejo, é verdade. Mas encontrar o amor pela primeira vez nas calças da Hollywood Blvr foi inesquecível. Sentir a sensação de pertencimento, de ter um lugar feito só para você enquanto passeia pela Rodeo Drive ou pelas mansões de Beverly Hills. Ter medo de ser preso por stalkear as celebridades, por visitar as casas do Efron, da Perry e do Mayer. Se jogar de cabeça em outro oceano e deixar sua marca registrada nas areias de Venice Beach e Santa Mônica. Tudo acompanhada de novo melhor amigo que ocupou melhor do que ninguém o espaço vago. 

Só o começo! Continuar as aventuras pelas ruas da poderosa Vegas. Ficar em um dos hotéis mais luxuosos do local, com direito a TV te recepcionando e uma vista de tirar o fôlego. Terminar o passeio caminhando cheia de compras pela Times Square ou conversando face to face com a Estátua da Liberdade. Ter uma crise de pânico no metrô de Nova Iorque e acabar ficando de cara com a cidade antes de morrer de amores por ela. Caminhar pelo Central Park e atravessar Manhattan inteira a pé....

Falando em companhia, trazer de volta para o seu lado aqueles de 1900 e bolinha. Cultivar, cuidar e amar aquelas meninas que te amam desde sempre. Dar adeus a outros que não tiveram a chance de saber quem você era e que não fazem falta para os próximos capítulos. Tudo acompanhado de uma soundtrack recheada de Mayer, One Direction e, claro, Bruno Mars que abriu 2012 ao vivo e em grande estilo. Na calçada da fama, cruzar com Claudia Leitte, Buchecha, Tiago Iorc e Marcelo Mancini. Tantos momentos, tantas festas, tantas músicas, tantas histórias. 

Falta pouco mais de 24 horas para 2012 ir embora. Já fiz minha lista de resoluções para o ano novo e já estou na ansiedade para receber meu novo caderno. Minhas novas 365 páginas em branco. As novas 365 chances para escrever meu futuro. Um novo livro. Doze volumes. Doze meses carregados de histórias, lágrimas, sorrisos, vitórias e derrotas. Que tenham mocinhos, princesas, vilões e bruxas. Outras dimensões com novos e velhos personagens. Uma viagem em um túnel com uma luz brilhante no final. Uma viagem que só começou!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Set Fire To The Rain

Poderia ter sido um ano silencioso, não fosse a transformação que ele proporcionou logo nos primeiros meses.  Poderia ter sido um ano agitado, não fosse a vontade de redescobrir quem eu era e o que eu realmente queria. Talvez possa ser classificado como um ano de mudanças, embora não tenha havido tantas...Poderia ter sido só mais um ano para somar aos passados, mas não foi.

Ano passado não menti ao dizer que 2011 teria trabalho se quisesse ser tão bom quanto meu 2010. Hoje, preciso dizer que não conseguiu, mas passou perto. Os últimos 360 dias se esforçaram minuto a minuto para bater o quase incomparável antecessor. Se antes havia sido um tempo de diversão, este foi um tempo de mudanças. Novo emprego, nova rotina, novas pessoas, novos conceitos e novas perspectivas de vida. Sem exagero, quem sabe, uma nova "eu" não tenha nascido entre as páginas do calendário.

Entre as tantas indas e vindas do último ano, felizmente, este ficou marcado como o ano de voltas. Volta ao passado, ao escondido no armário, ao enterrado bem no fundo da alma. Peça por peça, os assuntos até então inacabados, foram entrando nos eixos. Uma rachadura no gelo aqui, um pedido de desculpas ali e cada erro foi sendo lentamente corrigido numa tentativa de voltar ao que era, ou ser ainda melhor.

Em 2011, sinto que cresci e amadureci um bom tanto que o calendário não me parece ter registrado. Eu posso dizer que tentei. Tentei ser menos explosiva, menos infantil, mais tolerante, reclamar menos e uma série de outras tantas coisas. Se eu acho que consegui? Ainda falta muito para consertar, mas o meu "novo eu" me parece muito mais feliz e em harmonia com as outras pessoas do que costumava ser ano passado. Brigas e desentendimentos  traumatizantes não fizeram parte da minha lista de memórias, ao menos.

Se pudesse batizar o ano que vai eu o chamaria de "Ano do Recesso". Dei trégua ao meu coração e mantive o amor fechado para balanço. Precisava me amar mais antes de amar alguém. No começo tudo funcionou, mas um incidente em uma balada qualquer em uma noite que eu não queria ter ido, levou todo um trabalho de autoestima ao chão. Não, ela não está tão baixa quanto antes, mas voltou ao estado de inércia do qual é pouco provável que consiga sair. Não quero mudar por alguém. Nessa área, decidi que 2012 é meu deadline - se me cabe o parênteses jornalístico. Tenho 366 novos dias para procurar pelas ruas e esquinas alguém que saiba meu nome por mais do que uma noite e que queira mais do que dividir a conta da lanchonete.

Como já dito, ou deixado implícito, depois do incidente minhas saídas foram reduzidas a jogos de videogame regados a pizza e coca cola ou, no máximo, uma esticada até a hamburgueria mais próxima. Fora isso, apenas três ou quatro dias de arrepiar com aqueles shows que me fizeram agradecer muito por estar aqui: Katy Perry, The Maine and The Asteroids Galaxy Tour, you rocked my world!

Esse ano não quero citar pessoa por pessoa como sempre faço. Vou quebrar as regras porque sei que aqueles que realmente merecem vão saber que estão aqui sendo agradecidos por todo o bem que me fizeram. Muito obrigada a vocês que NUNCA desistiram de mim, que estiveram ao meu lado para rir ou para chorar e que, principalmente, me aguentaram firmemente durante esses dias e meses. Conto com isso em 2012, heim? rs Afinal, não quero e não posso perder jóias tão raras como vocês. Quatro ou cinco, menos que meus dedos das mãos, vocês estão ai e sabem o quanto eu amo vocês e o quanto eu sou feliz por tê-los ao meu lado. Obrigada, buddies!


E antes que o texto fique meloso e volte a ser a retrospectiva que é há quatro anos, encerro aqui o meu balanço geral do que foi para mim 2011: uma porta para um futuro brilhante e ainda melhor do que eu espero ou ousei sonhar. Estou pronta para você, 2012!  Pode chegar, porque você vai ser um dos melhores anos da minha vida!!!!!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Compassado

Ele não ia ligar. Eu já sabia que ele não ia ligar, mas mesmo assim eu passei a tarde colada no telefone esperando um mísero sinal. Não tocou, não chamou, não apitou e eu nem consegui ouvir minha música favorita ecoando pela casa. Não tinha vida naquele aparelho. Não tinha vida dentro de mim. No fundo eu já tinha previsto essa cena. Take quatro mil da mesma cena que se repete cada vez que eu acho que eu encontrei um novo amor. E eu sou realmente boa nisso. Sou boa na função de apaixonada em tempo integral. Sou boa também em criar expectativas, em desejar demais, em esperar demais e, claro, em quebrar a cara demais. Tanto sou boa nisso que, hoje, nem doeu. O mesmo roteiro, a mesma cena repetida, acabou com um final diferente. O novo corte no coração já esfacelado não ardeu, não queimou. O buraco se abriu e se fechou antes que eu pudesse me dar conta do que estava acontecendo. Voltei a fase de inércia. Meu coração parou de bater desesperado e aprendeu um ritmo cadenciado. Ele já sabe se acalmar e aplacar a dor. Já não dói mais quando o telefone não toca. Ele pode continuar batendo mesmo assim.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Fragile

Meu coração é frágil. Ele precisa de cuidado, atenção, carinho e muito amor. Já foi muito machucado, você entende não? Antes de colocá-lo dentro de um potinho para protegê-lo, eu o fiz amar muito. Me descuidei por um instante e permiti que o quebrassem. Foi difícil reconstruí-lo. Na verdade, até hoje ele sofre com a cicatriz que ficou. Nunca consegui colá-lo por completo e acho que nem vou conseguir. Às vezes, sem hora ou lugar, essas marcas começam a doer muito e eu tenho certeza que não vou sobreviver. Mas são nesses momentos que eu olho para meu lado e te vejo. Vejo seu sorriso, seus olhos e por um breve instante eu tenho a plena certeza de que você vai saber cuidar do meu coração. Só que esse instante passa e eu entendo que você é tão normal quanto os outros e que é perigoso me entregar, assim, de bandeja a você. Por mais que eu queira, por mais que eu te ame, meu coração continua frágil. Frágil demais para você!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Clichê

Odeio clichês. Nada mais clichê do que isso, eu sei, mas eu realmente não me sinto a vontade com o clichê que transformaram a vida. Tudo tão rápido, tão fugaz. Um dia você conhece, no outro você ama e no seguinte já está odiando e tentando seguir em frente. E ai tudo recomeça. Do mesmo jeito, sem muita emoção. É como se tivéssemos entrado em um circulo vicioso. Sabe aquela roda que os hamsters usam para brincar? Estamos vivendo mais ou menos assim. Presos dentro das nossas próprias gaiolas andando seguidamente em nossas rodinhas particulares que saem do nada e chegam no lugar nenhum. E quando alguém tente romper esse vício, a gente não deixa. Temos medo de sair do nosso mundinho, do nosso cubículo seguro. Temos medo de abandonar o clichê da vida para arriscar algo novo. Somos humanos ok? A gente não gosta mesmo do que é diferente. É da vida. Quase ninguém tem coragem de arriscar uma nova perspectiva. Se bem que, lá no fundo, é só isso que todo mundo quer. Cada um de nós tem no íntimo o imenso e incomparável desejo de voar, de se atirar no abismo e deixar as coisas acontecerem. O desejo de não ter que parar para compreender, mas para aproveitar, contemplar. Todo mundo tem essa vontade, mas o medo, o clichê, complica tudo. Por que arriscar ser o louco se há um lugar mais seguro e incólume para viver? Acho que parar encontrar essa resposta alguém precisa pular primeiro... Você se arrisca?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vejam só

Apagaram-se as luzes. O picadeiro da minha vida está silencioso. Eu vejo risos, alegria e faço uma multidão rir. Coloco cores no rosto e levo essas mesmas cores para dentro da vida de tantas outras pessoas. Mas aqui dentro? Aqui dentro não há cor, não há vida. O palhaço tira a máscara, limpa o rosto. Chora a lágrima sobre a boca que acabou de fingir um sorriso. Meu picadeiro está vazio. Não posso ouvir nada. Não posso sentir nada. Nem meu coração, o velho coração insistente, eu consigo ouvir mais. Ensurdeci, emudeci, empalideci. As cortinas que teimam em se abrir anunciando um novo espetáculo, só me obrigam a segurá-las cada vez mais forte. Não quero um novo um começo porque, tão pouco, quero um novo fim. Já encerrei minha participação na novela, no teatro da vida e agora quero minha merecida paz, meu descanso. As roupas coloridas já ficaram pelo chão. Junto delas deixo tudo: agonia, solidão, rancor. Visto preto, visto branco. Visto meu luto e minha paz. Não resta mais tinta, não restam mais sons, não resta mais nada. Só um picadeiro vazio e um palhaço esquecido pelo tempo que já não ri, que já não chora, que já não sente...

Ah, o mundo sempre foi
Um circo sem igual
Onde todos representam bem ou mal
Onde a farsa de um palhaço é natural
(Sonhos de um palhaço - Antônio Marcos)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Inside

Enquanto olhava o trânsito lá fora, via a sua vida passando através da vidraça embaçada. Relembrava cada segundo que vivera nos últimos meses e tentava analisá-los friamente. Em vão. Tentava segurar o choro e controlar a enchente de sentimentos que aquela simples ação trazia. Hora sentia vontade de rir, hora de gritar e, talvez, em alguns momentos tenha chegado a pensar em sucumbir. Era dor demais, medo demais, solidão demais. Ela não sabia lidar muito bem com aquilo. Nem sabia da onde vinha e como tinha acontecido.

Balançava os pés descalços tocando a parede hora ou outra e recostava-se no vidro sujo enquanto se enroscava na cortina pesada daquele quarto de hotel. Ponderava os pensamentos e tentava fazer de todas aquelas passagens algo um pouco mais racional. Precisava separar sentimento e razão antes que enlouquecesse.

Olhava para baixo como quem pede ajuda. Sabe-se lá o que se passava na cabeça dela naquele momento. Quem arriscaria dizer que ela não poderia se jogar? Era um modo simples de acabar com tanta angústia e tantas ideias que insistiam em perturbá-la.

Ela não tinha certeza de há quanto estava ali naquele estado inerte. Era um momento dela com ela mesma e ela tinha medo de rompê-lo. Tão assustador e, ao mesmo tempo, tão tranquilizante. Sentia apenas os minutos se arrastando, o silêncio cortante e o mundo se movendo lentamente do outro lado do vidro. Longe, em um universo quase paralelo.

Ela estava vivendo em seu mundo. Cuidava de si sem perceber. Recarregava as energias e colocava a alma em ordem. Tinha acabado de descobrir o remédio para suas inquetações e nem se dera conta disso.

sábado, 23 de outubro de 2010

I should've known

Talvez eu não tivesse motivos tangíveis para me decepcionar, mas eu tinha alguns um pouco mais profundos do que a maioria das pessoas seria capaz de entender. Não esperava que fosse acontecer dessa forma. Eu não esperava mesmo que ele fosse assim. Toda a imagem e todas as opiniões que eu tinha dele e, sobre ele, desapareceram como em um passe de mágica. De alguém especial e diferente dos outros, passou a ser tão comum quanto qualquer um outro. A aura mágica que o envolvia se dissolveu. O brilho que eu enxergava naqueles olhos negros se apagou e o fogo que o sorriso dele despertava em mim, milagrosamente, congelou. O príncipe encantado passou a ser o lobo mau do meu conto de fadas. E é ai, ai que está a minha decepção: esse tal príncipe nunca existiu. Fui eu, somente eu quem transformou um garoto como outro qualquer em aquele sem muita explicação. Idealizei um alguém perfeito, um alguém invencível, indestrutível e livre de qualquer defeito. Coloquei nele uma máscara e esqueci de tirar. É duro admitir, mas aquele ser imaginado me agradava, talvez mais do que o verdadeiro que eu mal conhecia....

domingo, 17 de outubro de 2010

Você pode?

Você pode sentir falta do que você nunca teve? Falta daquele beijo apaixonado, daquele carinho especial, daquele olhar que faz você ter certeza que o mundo parou de girar e só restam vocês dois ali. Você pode desejar repetir aquela cena que nunca viveu? Desejar aquela cena que sua mente criou e repassou uma centena de vezes. Desejar estar sozinha com ele naquele quarto e amá-lo intensamente como se não fosse haver um amanhã. Você pode lutar por algo que não faz sentido? Não tem sentido se o objeto de tanta luta não faz questão dessa briga. Sentido algum em querer... Você pode desistir dos seus sonhos fácil assim? Eu não!

There will never come a day,
you'll ever hear me say that I want,
and need to be without you.
(Never felt this way - Brian McKnight)


sábado, 9 de outubro de 2010

Alérgico ao amor

As fotos já foram tiradas do mural e agora são só pedaços de papel espalhados pelo chão do quarto. Iluminadas pela fraca luz que vem da janela elas não são nada além de meras lembranças que, por mais que eu tente, não consigo apagar. Um dia elas foram sorrisos, beijos, abraços, corações unidos por um mesmo sentimento. Hoje, não passam de um borrão disforme de tudo aquilo que quiseram ser. Sentada ali, encostada à parede gelada com os olhos inchados eu tento entender o que houve. Tento traduzir para o meu coração o que ele se recusa a entender, mas falho. Falho de novo como eu sempre falhei. Não correr riscos, era só isso que eu queria. Não me machucar também era uma condição. Mas de que adiantou tanto cuidado se no fim foi exatamente isso o que consegui? Me protegi tanto de você que acabei esquecendo de me proteger de mim. Alimentei sozinha esse sentimento que nasceu assim, com essas fotos que eu não quero mais ver. E enquanto eu choro aqui, você está longe. Tão longe que já não posso pedir para voltar atrás. Longe o bastante para não ouvir enquanto eu solto o grito que deixei preso na garganta por tanto tempo: eu sempre amei você!

Mientras avanza el dolor un kilometro más
Yo me quedo y tu te vas
(Alérgico - Anahí)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O que falta?

O que eu sei é que falta. Falta alguma coisa para preencher o espaço que me foi designado como coração. Falta aquele olhar diferente e acolhedor, aquela voz suave e compreensiva, aquele toque quente e macio. Falta uma coisa estranha, uma sensação. Falta um pedaço, uma parte, um detalhe. Acho que falta um dia ensolarado e uma noite com aquele chuvinha gostosa. Falta um pouco de incentivo e muito de coragem. Falta tato, olfato e paladar. Não tem música, não tem som, não tem cor. Não tem chão, parede, janela, porta, sustentação. Falta tanto e eu nem sei exatamente o que falta. Falta tudo e absolutamente nada. Até eu falto a mim mesma. Não me respondo, não me correspondo e sequer me conheço. Falta atenção e audição para os meus gritos e para os meus desejos. Me falta sentir falta de alguém. Falta sentir o passado e ter medo do futuro. Falta mesmo parar de sentir falta!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sexo

Fazer sexo não é lá tão complicado. Duas pessoas, dois corpos, uma vontade e pronto. Simples, rápido e quase indolor na maior parte do tempo. Acontece por impulso, porque o organismo pede e não dá muito para controlar a vontade. Ela aparece quando você menos espera e, muitas vezes, em hora, lugar e com pessoa errada. Mas, levado pelo desejo, a gente acaba se entregando sem pensar. Deixa o momento e a intensidade do físico rolarem e aproveita. Ou nem tanto. E então aqueles minutos, horas terminam e ai? Você vai para um lado e ele para o outro e o que fica?

Posso ser antiquada, romântica demais ou qualquer outro adjetivo nessa linha, mas não vejo função nisso. Sexo por sexo, por satisfação e por puro prazer não me atrai. Tenho plena convicção que valho muito mais que meia hora de gemidos e que sou muito mais do que um corpo atraente. Possuo cérebro, sabe? Gosto de conversa, preliminares e lentidão. Descobrir cada gosto, cada toque, cada preferência aos poucos, em doses homeopáticas. Adoro o mistério e aquele friozinho na barriga. Sou fã número um do fator amor ou pelo menos do fator paixão antes de ir para cama com o primeiro par de calças mais ajeitadinho que passar.

Confesso que não fiz as coisas direito quando deveria e, se pudesse voltar no tempo, definitivamente corrigiria o maior dos meus erros. Não morro de arrependimento e não, não foi tão desastroso assim. Mas para quem já tinha esperado tanto alguns meses ou anos a mais não ia ser difícil. Concordo que esperar pelo príncipe encantado não faz sentido, porém esperar aquele que vai te enxergar muito além de um corpo, com certeza, faz toda diferença.


"We got the afternoon
You got this room for two
One thing I've left to do
Discover me
Discovering you"
(Your body is a wonderland - John Mayer)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ela

Nem meio feia, nem meio bonita. Normal. Do tipo básico que se encaixa no estilo filhinha da mamãe, mocinha comportada na frente da sogra ou garota porra louca que solta as feras na madrugada. Apaixonada por futebol que fala palavrão para o juíz pela Tv agarrada ao belo saquinho de amendoins no domingo a tarde. Jogadora exímia de xadrez capaz de passar horas e horas na mesma partida. Criança que cresceu apaixonada por War e suas indefinições que varavam dias e noites. Falante fluente de espanhol. Dessas que torce o nariz para o inglês, mas acabou de chegar do Canadá. Viciada em livros. Come todos, muitos. Lipector, Abreu, Pessoa, Veríssimo, Sparks. Mais de vinte por ano. Gasta metade do salário com eles e a outra metade em shows. Gosta de música latina, pagode, axé, sertanejo, happy rock. Ouve Hóri, Cine, RBD, Restart, Luan Santana, Jeito Moleque e Exaltasamba. Mas ouve também Lulu Santos, John Mayer, Peninha, Caetano, Chico Buarque e Santana. Gosta de sair em turma. De barulho, de festa e de bagunça. Mas passa horas trancada no quarto, sozinha em silêncio. Usa cores chamativas, all star e camiseta. Sobe no salto, veste o top, o make up e vira outra. Grita, esbraveja. Faz cara de brava. Intimida os outros e pensa que manda. Mal sabe que não manda nem nela mesma. É um inteiro composto de metades. Diferente com um pouco do mesmo. Uma pitada dela ao tudo que ela vê, ouve, absorve e vive. Um jeito só dela de ser tudo em uma só.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Nem precisa ter razão

Ainda estou tentando entender o sentido de tudo aquilo, de tudo isto. O que era tão certo, virou incerto num piscar de olhos e agora eu me vejo perdida em um maremoto de sentimentos, pensamentos que não tem pé nem cabeça. Por quê você apareceu naquela quarta-feira? Naquela última quarta-feira naquele bendito show que nem era para termos ido. Insisti tanto, quis tanto e nem sei explicar qual o motivo de tanta questão. Mas tudo bem, você não passou de um garoto bonitinho, mais um garoto bonitinho habitando aquela fila e tornando a nossa espera menos desagradável. Por quê o que era para ter sido só mais um virou O no dia seguinte aparecendo na mesma escola, na mesma festa? A cidade era imensa tinham tantos becos, buracos, bares diferentes que não há uma razão para você ter aparecido no mesmo lugar que eu. Você não devia estar ali. Por quê você me deu ouvido e apareceu no domingo, no último domingo para se despedir de mim? Não fez sentido você se deslocar quarenta minutos e aparecer num lugar que você desconhecia sem ao menos saber se eu estaria lá mesmo. Tudo isso só mostra que não há como entender o que acontece na vida. Não temos noção dos traços que nosso destino desenha, das artimanhas que ele cria. A vida é um quebra cabeça, um jogo de xadrez e nem o melhor dos jogadores é capaz de compreender certas voltas, certos acontecimentos. Tudo isso não foi acaso. Você não apareceu sem motivo. Sua história, minha história, nossa história não aconteceu lá. Ou talvez tenha acontecido. Talvez sua passagem tenha sido essa. Um furacão, uma tempestade de verão para abalar as minhas estruturas e me fazer perceber que tudo por aqui estava errado. Ou talvez não seja nada disso e hoje, amanhã, na próxima esquina a gente se esbarre e tudo acabe se encaixando.

Lost here in this moment
And time keeps slipping by
And if I could have just one wish
I'd have you by my side
(Stay - Miley Cyrus)

sábado, 7 de agosto de 2010

What if ♪

E se você acreditasse de uma vez por todas o que eu digo e me desse uma chance de te provar que posso te fazer feliz? Como será que se desenrolaria nosso filme se eu pudesse finalmente sentir o gosto do seu beijo ou deixar seu cheiro penetrar na minha pele? Não, pra mim não é difícil imaginar o quanto seu toque me descontrolaria e como seria fácil encontrar o paraíso nos seus braços. Me diz, por favor, me diz o que falta pra você perceber que eu te quero, que eu preciso de você. Já não sei mais como agir, o que fazer. Nada te faz entender que cansei de ser só mais uma e quero ser aquela que estará com você do momento que acordar até a hora de ir dormir. E se você tentasse reparar em mim? Nós não podemos definir o futuro agora, mas podemos construí-lo. Não podemos saber o que o amanhã vai trazer, mas podemos brincar de descobrir no hoje. E se você quisesse, qual seria o rumo dessa história?

What if you had me and,
Baby what's the reason we can't fall in love?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

I keep beliving

Pensei que dessa vez seria diferente, mas era óbvio que tudo seria igual. Não tenho muito talento para escolher meus amores e muito menos para condicionar meu coração a amar quem me ama. Gosto mesmo daquele que é difícil, praticamente impossível. Insisto tal qual água mole em pedra dura, mas quase nunca atinjo meu objetivo. Eu acerto qualquer coisa em volta, menos o alvo. Conquisto qualquer garoto que eu não queira, mas aquele que eu gostaria de ter comigo nem sequer me nota. Ou pior, me nota tanto que vira meu brother, meu melhor amigo. Ando cansada dessas desilusões, mas no fundo, no fundo, eu devo me divertir sofrendo. Acho que gosto mesmo desse frio na barriga, do nervosismo, do medo, das sensações de montanha russa. Gosto de pisar em falso, do proibido, das descobertas. Gosto mesmo de viver no limite entre a paixão e o desolamento. Ou talvez eu nem goste disso tudo. Talvez eu só seja uma daquelas que ainda acreditam em um final feliz.

"So baby keep my heart
Beat, b-beat, beat, beating"
(Heartbeat - Stereo Skyline)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Time to go

Hora de fechar as malas, os olhos. Respirar fundo e dar o próximo passo em frente. Esperei muito por isso. Contei as semanas, os dias, as horas e os minutos e finalmente chegou. Não posso desistir agora depois de tudo. Lutei tanto, chorei tanto. A porta se fecha atrás de mim. Não dá, não devo, não posso olhar para trás agora. Não importa muito o que fica, não deveria importar na verdade. Eu vou voltar, eu sei que vou voltar em menos de um mês, mas é se tudo mudar? E se tudo acontecer como um sonho, mas eu acordar no meio de um pesadelo? Não é hora de pensar nisso! Fecho as portas do carro e dou a partida. Pronto! Um novo caminho começa aqui. Não, agora não é hora para lágrimas. Eles vão sentir minha falta, claro que vão. Mas e se não sentirem? E se descobrirem que eu sou alguém altamente susbstituível? E se nem se derem por minha falta? Limpo os olhos com o dorso da mão e sigo meu caminho. O aeroporto é logo ali. Os pensamentos estão logo aqui e devem ficar. Eles não podem subir comigo naquele avião. Eu não quero mudar meu destino, não agora. Você fica aqui, bem fincado do chão e me espera voltar. Nem tente me atormentar enquanto eu estiver longe. Subo na aeronave com um misto de alegria e vazio. Não, eu tenho que desligar-me desses pensamentos. Tudo vai ficar bem. Minha ausência será apenas para fortalecer laços, não para quebrá-los. É, é isso, pronto! Agora é a minha hora de voar...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Meu mundo essa noite é você ♪

Essa noite e todos os dias da minha vida desde que meus olhos encontraram os seus. Foi acaso, foi peça do destino colocarnos frente a frente. Foi engraçado o modo como eu me apaixonei. Um amor desses platônicos que, não espera ou sequer ousa esperar ser correspondido. Sabe que dificilmente terá resposta. Mas fazer o que se é no seu sorriso que eu encontro a paz? Fazer o que se é na sua voz que eu reconheço a minha alegria? Fazer o que se as suas palavras, ainda que escassas, são a razão da minha felicidade? Suas doces frases agem sobre mim como mais nada ou niguém é capaz. Meu mundo agora é seu mundo e eu queria que Apenas uma vez você pudesse perceber o tamanho e a intensidade do que eu sinto por você. Você Mashcomigo e já não dá mais para esconder. Talvez o único que ainda não tenha percebido é você. Do seu lado sinto que o que passou, passou e agora eu só dependo de você para ser feliz. Ah, como eu queria que o alvo de tanto carinho me desse a mão e me deixasse dizer que quando eu vi você a vida ganhou mais sentido. Vem então, sinta essa noite comigo e me deixa colorir seu mundo como você coloriu o meu. Vem comigo agora, deixa tudo pra trás. Vem comigo...sem hora pra acordar!

terça-feira, 23 de março de 2010

No alvo

O amor é um jogo. Um jogo muito perigoso. É fácil se deslumbrar com tal sentimento. Fácil se perder nas promessas e nas palavras vazias de quem não o compreende. Em um jogo tão angular, tão singular, há de se ser perspicaz para fugir das armadilhas e arapucas que podem te fazer cair a qualquer segundo. Como no xadrez tudo precisa ser milimetricamente calculado e a próxima jogada do adversário precisa ser antecipada para evitar a derrota. O amor é um jogo ardiloso. Tanto que a presa que mais gosta é seu principal arquiteto. Quem pensa que sabe brincar com esse sentimento e está salvo do seu ataque, nem imagina que é o alvo certeiro dessa flecha mortal.