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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Inside

Enquanto olhava o trânsito lá fora, via a sua vida passando através da vidraça embaçada. Relembrava cada segundo que vivera nos últimos meses e tentava analisá-los friamente. Em vão. Tentava segurar o choro e controlar a enchente de sentimentos que aquela simples ação trazia. Hora sentia vontade de rir, hora de gritar e, talvez, em alguns momentos tenha chegado a pensar em sucumbir. Era dor demais, medo demais, solidão demais. Ela não sabia lidar muito bem com aquilo. Nem sabia da onde vinha e como tinha acontecido.

Balançava os pés descalços tocando a parede hora ou outra e recostava-se no vidro sujo enquanto se enroscava na cortina pesada daquele quarto de hotel. Ponderava os pensamentos e tentava fazer de todas aquelas passagens algo um pouco mais racional. Precisava separar sentimento e razão antes que enlouquecesse.

Olhava para baixo como quem pede ajuda. Sabe-se lá o que se passava na cabeça dela naquele momento. Quem arriscaria dizer que ela não poderia se jogar? Era um modo simples de acabar com tanta angústia e tantas ideias que insistiam em perturbá-la.

Ela não tinha certeza de há quanto estava ali naquele estado inerte. Era um momento dela com ela mesma e ela tinha medo de rompê-lo. Tão assustador e, ao mesmo tempo, tão tranquilizante. Sentia apenas os minutos se arrastando, o silêncio cortante e o mundo se movendo lentamente do outro lado do vidro. Longe, em um universo quase paralelo.

Ela estava vivendo em seu mundo. Cuidava de si sem perceber. Recarregava as energias e colocava a alma em ordem. Tinha acabado de descobrir o remédio para suas inquetações e nem se dera conta disso.

4 comentários:

Aline disse...

Nossa. Muito bom.

Parabéns (:

beijos da Ali
http://umdiaamaisblog.blogspot.com

Jeniffer Yara disse...

Muito bom o texto Tay *.*
Só espero que o remédio dela,não tenha sido se jogar dali.rs

Beijo

Delduque Avelino disse...

Como sempre um belo texto... e muitas das vezes o que falta a gente é perceber o remédio que nós mesmos trazemos. Espero que ela agora esteja feliz!!!

Marcos de Sousa disse...

Adorei o texto. Muitas vezes não nos damos conta que o que mais precisamos já está dentro de nós.


Seguindo-lhe... Quando puder, me faça uma visita: http://omundosobomeuolhar.blogspot.com/