Ela se olhava no espelho por todos os ângulos. Virava para lá e para cá, em um balanço meio brusco, meio desajeitado, meio ela. Passava os olhos pela imagem refletida e reclamava da falta de peito, do nariz adunco, da testa larga, da bunda grande, do joelho torto...eram tantos os defeitos que ela encontrava, que cinco minutos na frente daquele "senhor da razão" já lhe garantiam um dia inteiro de mau-humor. Dentro dela, ela perguntava porque não podia ter o corpo perfeito da Jéssica Alba delicadamente encaixado ao rosto impecável da ana hickman, com a boca excitante da Jolie. Ou porque não tinha a sorte de ser a Gisele Bündchen que, mesmo com um nariz igualzinho ao dela, ganha milhões de doláres por ano. Ela se trancava no quarto e, deitada na cama, imaginava mil formas de acabar com aquele martírio diário da sua terrível visão no espelho. Ela até se amava e se achava meio bonitiinha, mas aquela imagem destruía qualquer chance de ela levantar a auto-estima. E foi assim que numa bela manhã ensolarada de um domingo, ela deu um fim a essa história. Levantou-se cedo, produziu-se como se fosse a uma festa. Caminhou até o campo do inimigo e mirou pela última vez. Murmurou algumas palavras de despedidas e em um único golpe friamente calculado por dias, tomou coragem...arrancou o espelho e jogou-o pela janela!
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